sexta-feira, 15 de junho de 2012

STORM

Veio....
Sem avisar, de forma inusitada, terrivel, medonha, arrasadora....
Sem pedir licença, sem querer saber se estava preparado, destruiu tudo ao redor, levou sonhos, esperanças, ilusões de infancia, brincadeiras de criança,
E como é dificil, resgatar um navio emborcado, a deriva, sendo lançado a todas direções pelo mar revolto.....
O céu, escuro, sinistro, a unica luz, é a de raios furiosos, que também podem lhe ceifar a vida....
Por que ficar... lutar pelo que.... agarrar-se em tabuas de arvores mortas... o vento uivando uma canção de lamentos, a agua salgada lhe dando o gosto da morte... um fim que não chega, uma angustia que nunca tem fim, sob seus pés, o oceano profundo e desconhecido, acima um céu sem limites... um torpor, respiração mais que ofegante, suas mãos antes firmes e capacitadas, já não mais conseguem fixar em nada, pernas ageis e flexiveis, não te sustentam.... fechar os olhos e se permitir, sem saber, ir...

Sente, bem não sabe, mas sente, ainda o ar lhe penetra os pulmões, não sem lhe causar dor, labios rachados, absolutamente tudo o que se entende como ser, dói.
Cada fibra, cada célula, cada atomo, tudo dói.... enfim viver custa.
Se erguer, como um ato tão corriqueiro, praticado ao longo de toda uma existencia pode se tornar tão complexo, musculos sofridos tentam bravamente soerguer a fronte, e o abrir das pálpebras causa nauseas....
Ainda vive....
Claro, mas onde? E como?
Aos poucos sua mente atordoada vai lhe dando as dimensões de sua real situação.... o pesadelo findou-se, a vida se reinicia, num ponto onde jamais irá discernir se valerá o sacrificio do retorno.
Sinais são claros de saude intacta, fome e sede, embora fraco e debilitado, soerguer-se prosseguir.
Bravamente num sem igual momento unico de esforço, senta-se e aquele momento interminável lhe exauri ainda mais as poucas energias, ainda sem entender os motivos de tanta luta, arrasta-se a uma sombra, que nesse instante lhe dá o prazer que somente cabe aos sobreviventes.
Uma praia se forma e toma assim esse contorno, uns três ou quatro metros o afastam de aguas tranquilas sem ondas, o sol, brando não mais lhe fere a iris e novamente o torpor e a inconsciência.
Ao novamente tomar posse de si mesmo, já uma penumbra o assalta, é noite, tão mansa e calma quanto a ultima visão do dia.
E ela decorre, interminável, até o esplendor de um novo dia. Nada mais lhe resta a não ser ir, em frente, para cima, nem que fosse apenas com os olhos.
Algo para comer e principalmente AGUA, sede insana.
Tremores o acompanham a cada tentativa de movimento, e ao final de uma nova verdadeira batalha, posta-se em pé, como um homem finalmente.
E caí derrotado de joelhos, as lágrimas lhe custariam agua então, resolve não chorar, nem se dar ao luxo de entrar em desespero.
E mais uma vez, se põe de pé, tremulo, vai em direção ao cheiro, nessa altura, tudo tem cheiro, até a areia que range sob seus pés, tudo tem som, até o vai e vem de aguas sem ondas, tudo tem gosto, o seu, de seu sangue que inunda sua boca sem saliva, e inspecionando minusiosamente cada milimetro ao seu redor a encontra.... agua...
Em umas plantas em forma de cone, que não sabe identificar e nem perde um segundo nisso, mas deveria, e se lança, esbaforido, a sugar cada gota abundante do salvador fluído, agua é vida.
E após sugar e beber tudo o que lhe caía as vistas, enverga-se em novas dores intestinais, e se finda o dia.
Consegue passar desta feita uma noite tranquila, o mormaço lhe é agradável, e se recusa a pensar, e sim instintivamente em permanecer vivo.
Já ciente do perimetro onde recide a dias e tento demarcado onde passar as noite que viriam, cria coragem para desbravar o local onde está, a cada dia, estes marcados com riscos num tronco, avança mais e mais. Já lhe é familiar a peculiar reserva de alimentos solidos que consistem em um tipo de folha, alguns frutos também desconhecidos, crustáceos ainda vivos, e peixes, todos lhe custaram dores intestinais, absolutamente tudo lhe é pesado e pesaroso. As tentativas vãs de iniciar fogo, custaram-lhe dias, suas vestes nada mais são que trapos. E os riscos que, desde que retomou posse e controle de si, ja se somavam mais de cento e cinquenta.
Resolve agora mais forte e resistente, subir o monte de maior envergadura, a fim de ampliar seu campo de visão e ter uma melhor ideia de seu novo mundo. Suprimentos armazenados em bolsas de mata e cipós, mais três riscos são necessarios até o cume. Após um longo descanso, sobe em uma arvore e faz o giro de reconhecimento, de um lado sim, o horizonte do mar, nada lhe trás de paz ao coração, e iniciando um reconhecimento por terra via ponta do litoral, uma cena lhe paraliza a alma.
Fumaça.


continuo.....

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